ACOTAR, um apelido que pegou entre a gigantesca legião de fãs da autora Sara J. Maas e que abrevia o título original em inglês “A Court of Thorns and Roses”, ou em bom português, Corte de Espinhos e Rosas. Já deixei minha humilde opinião sobre minha experiência com essa aventura fantástica na review da Amazon, e agora escrevo aqui um artigo BEM mais detalhado sobre o que achei de cada personagem, da história, e, é claro, das polêmicas.
Mas antes de tudo, eu gosto de esclarecer nas minhas reviews de livros, filmes e séries, que não sou especialista em nada relacionado a literatura (sou designer). Eu realmente escrevo porque gosto muito, e porque acho bacana compartilhar alguns insights que me acrescentam durante a jornada, não pra me pagar de dona da verdade ou expert em literatura hahaha, mas pra não guardar só pra mim algo que acho que possa ser um acréscimo na vida de outras mulheres também, e também pra voltar e ler daqui há algums meses ou anos e fazer uma análise da forma de pensar do meu eu do passado.
Eu sou uma mãe solo que reservou esse espaço pra falar sobre coisas que representam a mulher além da mãe, e principalmente, que acrescentam pra vida da mulher e da mãe, e a leitura de ACOTAR com certeza foi uma delas na minha vida. Saí de suas 462 páginas me sentindo muito mais forte e resiliente, na verdade, me lembrando que tem muita força e resiliência escondida nas minhas sombras inconscientes e que podem ser redespertadas, o que é algo muitíssimo útil pra uma mãe. Detalhe, tenho 36 anos na cara, estava com um preconceito enorme em entrar nesse universo, e sinto que o fiz no momento certo. Acho que se lesse com meus 14 anos não ficaria tão imersa, porque não compreenderia muitas coisas.
Vi várias interpretações e análises dessa história na internet, e aqui eu dou a minha, com novos insights que tive e podem estar errados kkk mas que me vi inspirada em compartilhar.
🌹 PS: Minha edição de luxo divina de Corte de Névoa e Fúria (livro dois da saga) chegou hoje e eu só li o primeiro capítulo. Assim que eu terminar faço outra review aqui. Logo, nesse artigo vou falar apenas de Corte de Espinhos e Rosas sem saber praticamente nada do que me aguarda pela frente.
Sobre o ritmo de leitura (sem spoilers)
Demorei um ano pra ler um terço do livro. Sim, achei extremamente devagar, e tinha a sensação de que estava lendo nada com p✹ nenhuma. Entretanto, ao passar um pouco de um terço do livro parecia que eu tinha trocado de livro, eu me envolvi de uma maneira tão intensa que pareceu mesmo que a Sarah tinha colocado feitiço naquelas páginas. Foi um ano pra chegar naquela quase metade e 5 dias pra terminar o restante.
Quando cheguei no final tive quase certeza que o ritmo lento do início de Corte de Espinhos e Rosas foi um recurso proposital da autora pra que a gente consiga se colocar no lugar da Feyre Archeron, a protagosnista, e realmente imergir na experiência da personagem, já que o livro é narrado em primeira pessoa, pela perspectiva dela. Um perspectiva de uma vida lenta e sofrida no começo, e de fato, a leitura é uma experiência lenta e sofrida kkk. E precisa ser assim!
Lembro que achei o primeiro capítulo de ela se preparando pra caçar o feérico um tédio absurdo. E hoje resolvi colocar em audiobook pra ouvir aquele capítulo de novo, já sabendo de toda a jornada da Feyre durante o livro, e achei aquilo completamente magnífico. Eu percebi o quão desconectatada de minhas sensaçõess e instintos eu estava naquela primeira leitura, porque nada mais é do que um capítulo inteiro de descrição de instinto de sobrevivência, já que é isso que a Feyre é nesse começo: puro insitinto de sobrevivência. E a gente não gosta, porque vivemos em mundo acelarado e ansiosos por resultados rápidos e superficiais, desconectados de nosso instintos primitivos. E eu precisei terminar o livro todo, já totalmente imersa na história e de certa forma reconectada às minhas sensações (sim, essa leitura fez isso comigo), pra me dar conta disso.
Conforme a dinâmica de vida da Feyre muda, a dinânimca de leitura muda junto. Uma vida arrastada, lenta e pesada e uma leitura arrastada, lenta e pesada se transformam numa vida cheia de dinâminca, descobertas e, claro, magia, assim como a experiência da leitura.
Conforme Feyre faz escolhas e sua vida muda, o ritmo de leitura muda junto. Conforme ela se abre pra novas sensações, a gente sente junto, conforme a adrenalina na vida dela (tanto pro bom quanto pro ruim) aumentam, a nossa aumenta junto.
Então, se você está em duvida sobre a leitura de ACOTAR devido aos boatos de início bem lento, lembre-se de se abrir e se permitr a essa lentidão, porque ela também é imersiva.
Sobre as polêmicas de Corte de Espinhos e Rosas (Sem Spoiler)
Antes de tudo, ainda sem spoilers, venho dizer que Corte de Espinhos e Rosas é um livro bem polêmico devido ao comportamento de alguns personagens. Eu já falei sobre isso na review sobre a série SEX/LIFE e repito aqui que, por mais que eu me considere uma pessoa bem politicamente correta, eu não acho que a arte, seja via audiovisual ou literatura, deva sempre seguir o politacamente correto pra não ser “má influência” para o público.
Não acho que a função da arte seja passar uma lição de moral com personagens mocinhos sempre ideais e moralmente redondinhos versus vilões que nasceram crueis e é isso aí. Uma boa história tem que incomodar e tem que nos fazer refletir, questionar e quebrar a cabeça. Uma boa história escancara algumas realidades difíceis de digerir (até mesmo dentro de uma história de fantasia) e nos faz questionar sobre atitudes moralmente duvidosas que já tivemos, ou que já pensamos em ter ou que, no mínimo, já passamos um pano, seja pra nós mesmos em um passado com menos informação, quanto pra alguém que conhecemos ou gostamos e já errou gravemente na vida.
Uma boa história trás personagens com boa índole mas cheios de profundidade e ambiguidades, de sombras reprimidas a serem trazidas para a luz e resolvidas, e que refletem a complexa realidade da psiqué de se ser humano. Quanto à romantização de alguns comportamentos de Tamlin e Rhys, vou falar mais abaixo, quando eu der minha opinição pessoal sobre esses dois personagens.
Acho que existem dois tipos de leitores. Na verdade, dois tipos de pessoas: os julgadores, e os perceptivos. Geralmentet os que julgam muito e criticam as atitutes dos personagens se baseiam apenas na sua própria pequena experiência de vida ou no seu compasso moral, se mantendo rígidos em opiniões e desconsiderando as questões de empatia com o próximo, histórias pessoais e backgrounds traumáticos dos personagens que e os guiaram a determinadas escolhas. Existem por outro lado os leitores que, como eu, entram no livro com a mente como uma página em branco e faz ao máximo pra se colocar na pele de todos os envolvidos, da mocinha mais sem sal e fraca ao vilão mais cruel (e vamos combinar que esse livro tem vilão cruel ao extremo).
✦ E entendam que, compreender a motivação por trás da ação é bem diferente de justificar ações e considerá-las corretas ou romantizá-las. Compreender a ação é não achar um livro ruim ou descartável porque alguém fez algo ruim. Tem coisas que não são justificáveis, e justamente por não serem, compreender a fundo o por quê de elas acontecerem é tão enriquecedor.
Spoilers abaixo:
Um exemplo: Os leitores do primeiro grupo grupo vão odiar a Feyre por ser fraca e teimosa pelo simples fato de que não gostam de fraqueza e teimosia, por essas não serem consideradas características heróicas. Já os do segundo grupo vão empatizar e se inspirar profudamente pela Feyre porque ela é humana e falha, como todos nós, e tem que carregar muitos pesos na costas. Então, onde uns enxergam teimosia, outros (me incluo nessa) enxergam determinação. Determinação essa guiada por um fardo que ela carrega de forma quase incosciente, que dá nela uma síndrome de salvadora, que sempre se coloca em situações de perigo pra salvar alguém, seja a família ou o Tamilin e o reino dele, mas que no fim acaba precisando ser salva por outra pessoa. Essas escolhas equivocadas da Feyre, pra mim, deixam o personagem muito mais profundo e interessante do que apenas umas Mulher Maravilha corajosa que faz tudo certo e é clichê. É tão mais inspirador termos uma protagonista humana e falha e acompanhar sua evolução, altos e baixos – e aprender algo com isso – do que uma badass pronta de fábrica.
Corte de Espinhos e Rosas tem hot?
Sim! O livro Corte de Espinhos e Rosas tem cenas “quentes”, também popularmente conhecida como “HOT” no mundo literário (e o significado de quente em inglês) descritas em detalhes. Não são muitas, pelo menos no primeiro livro da saga, mas pelo que vi por aí aumentam bastante nos próximos, principalente no Corte de Chamas Prateadas.
Eu sou uma mulher adulta de 36 anos e, particularmente, achei muito bacana ter cenas de sexo bem escritas. Não vejo sentido em cenas de assassinato e violência serem ok em serem detalhadas e dois casais que se respeitam se amando não ser. Deixa o livro mais realista, e nos ajuda a compreender e imergir na conexão do casal.
Sobre a edição Especial de Luxo de Capa Dura de Corte de Espinhos e Rosas
Comprei essa edição lindíssima de luxo lançada pela Editora Record, e foi cada centavo muito bem gasto. Eu sou designer e julgo sim, muito, um livro pela capa, e achava as capas anteriores muito feias, o que me despertava zero interesse na leitura. Essas novas capas chamaram tanto a minha atenção que eu nem fui atrás de resenhas. Já comprei logo.
O toque macio e acolchoado da capa faz a experiência de segurar o livro ser muito gostosa. Quando abri a caixa senti uma magia saindo dali. Impressionante como fiquei positivamente surpresa, mesmo já tendo visto tantas fotos. Uma dica é evitar colocar os dedos na impressão título. Li em dias de muito calor e desbotou um pouco da minha capa. Nessa foto tem um leve danificado porque eu já tinha acabado a leitura e manuseado bastante, mas o livro chegou pra mim em perfeito estado. Ele vive entrando em promoção na Amazon e você pode comprar essa edição divina clicando aqui. Na foto abaixo eu tinha acabado de tirar da caixa, já a foto de capa do post está com um amassado causado por mim devido ao manuseio.
Sobre os personagens de ACOTAR (com spoilers)
Agora, a parte mais divertida dess post. Obrigada Sarah J. Maas, que não vai ler isso, por trazer background de vida aos personagens e um toque de realismo pra fantasia. Por não só se preocupar com um plot bacana e universo imersivo, mas com personagens com profundidade, dores, falhas e mais falhas, histórico pessoal rico, fraquesas e crises, e que, como todos nós, fazem muitas escolhas erradas ou duvidosas e tem que lidar com as consequencias.
Quando a fantasia chega com personagens não rasos ela fica muito mais palpável, e o recurso da mágica mesclado às sensações, sentimentos, feridas e curas desses personagens é o que nos enriquece tanto como pessoas. Harry Potter e Game of Thrones são tremendos sucessos justamente por isso, e Sarah também soube usar esse recurso, de nos fazer oscilar tanto entre impressões e sentimentos pelos personagens. Pelo menos eu sinto que cresci muito nessa leitura.
Feyre Archeron:
Nossa protagonista, amada por uns, odiada por outros. Uma caçadora sobrevivente. O primeiro capítulo é da perspectiva já de seus instintos de caçadora ao sair pra caçar e poder levar o que comer para a família. Devido a promessa feita para a sua mãe e ao seu talento com a caça, Feyre não apenas se sente responsável pela sobrevivência do pai e das irmãs mais velhas, mas também coloca todo seu valor pessoal, identidade e senso de propósito nisso. Já totalmente amargurada pela vida, ela não tem esperanças de um futuro melhor, e engole muitos sapos em casa pra evitar conflito.
Sua válvula de escape e momento de conexão com seu verdadeiro eu é através da pintura, que ela também reprime por ser ridicularizada por uma das irmãs ao tentar expressar esse lado, e porque ela mesma não se permite se dar o luxo de ser feliz e pintar vivendo uma realidade tão difícil. Sua verdadeira identideade e autenticidade vivem trancafiadas no interior dela porque o foco energético dela é em sobreviver, não em ser feliz. Seu valor pessoal e a validação de seu ego (a forma que se percebe) está em ser uma boa cuidadora, e não em ser uma artista criativa e sensível. É através da arte que ela consegur trazer cor e sensacões positivas pra sua realidade fria e triste, além de um pouco de conexão consigo mesma, com seu verdadeir self, preso nas sombras.
Ao imergir e se integrar na Corte Primaveril, ela volta a pintar e se sentir feliz, e ainda assim sente culpa. Eu adoro esse diálogo entre ela e o Tamlin, quando ela está podendo viver o que ama, com fartura e cuidados na Corte Primaveril, coisas que sempre foram escassas pra ela
Feyre: “Não sei por que me sinto tão imensamente envergonhada por tê-los deixado. Por que parece tão egoísta e tão horrível pintar. Eu não deveria…me sentir dessa forma, deveria? Eu sei que não, mas não consigo evitar.”
Tamlin: “Não se sinta mal nem um segundo por fazer o que a faz feliz.”
Acho esse diálogo tão marcante, afinal, quem nunca escolheu o desconforto à própria felicidade por culpa em se permitir ser feliz quando alguém próximo não está feliz, ou pra agradar alguém e se sentir, assim, validado, não é mesmo?
Não sei o que vai ser no própximo livro, por favor não me dêem spoilers nos comentários, mas não se esqueça que o Tamlin foi a primeira pessoa a dar abertura pra Feyre se permitir a felicidade e sentir que merecia ser cuidada, não só cuidar. Dizem que vou odiá-lo lá na frente, mas dificilmente vou me esquecer do que ele fez por ela no sentido de permir e incentivar que ela fosse ela mesma sem culpa.
Bom, eu vou começar a trazer muito conteúdo e Jung e arquétipos pra esse blog. Mergulhar nesse conhecimento nos últimos 4 anos salvaram o meu maternar solo, e hoje não há nada que alguém me fale de cruel sobre eu ser mãe solo que me atinja depois desse conhecimento, que quero compartilhar aqui. Então, abaixo vou fazer uma breve análise dos arquétipos da Feyre.
Nossa protagonista tem arquétipos muito claros nesse primeiro livro. Quando falamos dos arquétipos femininos, existe-se a noção de que as Deusas, representadas mais comumente pelas Deusas gregas, simbolizam características encontradas individualmente em todas as mulheres. O arquétipos das Deusas são uma fonte de liberdade, pois validam as mulheres por aquilo que são, ou tem potencial pra ser (não pelo o que a sociedade diz que elas deveriam ser) e está reprimido no incosiente pelo patriarcado.
Ao pensar nos arquétipos das 7 Deusas Gregas, Feyre no início da jornada é Deméter (cuidadora), Artemis (caçadora), e vemos também um pouo de Afrodite (força sexual e criativa) na sua relação com o Isaac e com a pintura. Ao ir pra Corte Primaveril, Feyre desperta sua energia criativa e sexual de Afrodite ainda mais ao voltar a pintar e se relacionar com Tamlin. Vemos um traço de Afrodite em Feyre já com a relação com Isaac, a qual ela admite, sem culpa nem tristeza que não existe amor, e sim serve para alívio da pressão. Ela usa o sexo como uma ferramenta pessoal de alívio das tensões, e não de verdadeira energia de vida, sensações divinas e criação.
Quando falamos de 12 arquétipos, Feyre é o Orfão (mesmo quando a mãe era viva não era uma mãe presente, nem o pai) o Cuidador (Responsável por cuidar da família), o Explorador (a caçadora na floresta) e o Criador (Feyre pintora), e aflora mais do seu arquétipo da Amante na Corte Primaveril. Caçadora, independente e instintiva como Artemis, artista, sensorial (percebe as cores e sombras e texturas de outra forma), sensual, sexual e criativa como Afrodite e protetora e cuidadora como Deméter.
Eu amei que a Sarah levou o conceito de humana bem ao pé da letra ao escrever uma Feyre tão humana, ou seja, tão falha, tão cheia de cargas e de culpa e de travas e que se empenha muito pelos motivos errados. Sempre pelo outro, nunca por si mesma. Uma Deméter imposta pela sua situação de vida, e não pela sua essência. Feyre vive pela família, família essa que não a valoriza, mesmo que precise dela, e nem a trata bem, e mesmo assim ela sente uma culpa intensa em simplesmente se permitir ser feliz na Corte Primaveril.
Sente culpa porque sente um dever de cuidar da família e atrela sua identidade a isso. Ela coloca tanto o seu próprio valor e senso de si mesma, da própria idendidade no cuidar e salvar, que se sacrifica diversas vezes na tentativa de salvar os outros. A teimosia que tantos julgam na Feyre, nada mais é do que uma mulher com o verdadeiro self e poder pessoal reprimidos e desconhecidos por ela mesma, que se vê e se valoriza como todos a valorizavam até então: como cuidadora e salvadora. Se a gente não trabalha em conjunto com nossas sombras (pegaram a simbologia do Rhys com sombras?), viramos um espelho da perepção superficial que outro faz de nós, e vivemos em eterna frustação. Se ela perde essa função de provedora e salvadora que ela vê em si mesma, ela sente que perde a própria identidade, e por se arrisca tanto com bagas e com o Suriel pra salvar a família, e literalmente morre Sob a Montanha para salvar o Tamilin e o reino dele. Ela também se arrisva no ritual ao sair quando todos falarm pra não sair porque ela é Artemis, caçadora, exploradora. Aceitar ficar presa por segurança é perder sua essência.
Essa visão de salvadora que ela tem de si mesma morre Sob a Montanha, junto com aquele corpo físico. Feyre morre e renasce Feérica. Eu achei muito simbólico ela morrer humana se sacrificando pelos próprios propósitos, que consistiam em colocar os outros, não a si mesma em primeiro lugar, e renascer um ser superior, que percebe que não vale a pena matar o seu verdadeiro eu em prol de salvar o outro. Creio que no próximo livro ela ira questionar bastante suas decisões pelo Tamlin.
Elain
Elain é a irmã passiva, que até então não parece ter maldade mas se sente incapaz de fazer as coisas pesadas e de aceitar a própria realidade e espera que tudo já chegue feito. Fica oscilando entrer agradar o pai e as irmãs, mas não faz nada e nem se posiciona nunca, mas tenta ser sempre uma mediadora de conflitos. Por ser fácil de lidar e não ameaçar a autoridade e o ego de Nesta, é superprotegida e mimada pela mesma. É dedicada a jardinagem e isso é tudo o que dá pra saber dela nesse livro.
Nesta
Nestha, a irmã mais velha, mais fria, rígida e mais ríspida, que geralmente ridiculariza menospreza reyre por se ressentir da capacidade de a Feyre “se virar” e protege Elain sempre. Extremamente ressentida com o pai por ele ter perdido a fortuna da família e não fazer nada pra resolver, nem se posicionar e agir para prover pras filhas, ao ponto de odiá-lo profundamente.
Pai ARcheron
Passivo, tão passivo quem nem nome o personagem tem. Aquela pessoa que tem um coração bom mas não sabe se posicionar, o que irrita e frustra muito a irmã mais velha. Ele tem que ser um provador e uidador, e simplesmente não consegue, delegando a função pra Feyre devido às suas capacidades de caçadora e fazendo com que Nesta se sinta impotente, ressentida e amargurada. Não consegue prover pras três filhas, faz escolhas irresposáveis, desesperadas e egoístas nos negócios, e faz com que Freyre se sinta na obrigação de abraçar o papel de pai e mãe e prover pro lar. Mãe essa que a deixou com um fardo gigante ao fazê-la prometer que cuidaria da familia em seu leito de morte, mesmo nunca tendo sido uma boa mãe nem se importado com as filhas. Um ato narcisista pra prender a filha emocionamente a ela pro resto da vida, e que funcionar pelo livro inteiro.
Dinâmica familiar da família ARcheron
A Família da Feyre também nos mostra como é difícil uma família ser feliz, se apoiar e ser funcional quando passa por dificuldades financeiras, e o pior, no caso dela, quando se passa fome. Ela mostra que romantizar a probeza é uma grade roubada, já que a pobreza nos coloca num modo sobrevivência puro, onde a raiva, a frustração e o conflito prevalecem, e onde não sobra tempo e espaço mental pra simplesmente ser feliz, já que felicidade anda lado a lado com prosperidade, liberdade e autonomia, e a pobreza extrema como a deles é muitas vezes oposto disso tudo: escassez, prisão, limitação e codependência.
A pobreza da família bloqueia a autenticidade de todos eles, fazendo com que vivam apenas no modo sobrevivência, em conflito, se cobrando e buscando por culpados. Quando o Tamlin toma conta das coisas e faz com eles eles propsperem financeiramente a Feyre volta por um breve período de tempo, todo mundo está muito mais feliz e disposto a se ajudar. Inclusive Nesta, mesmo que da forma nada delicada ou educada dela de ser, se dispõe a ajudar a irmã e proteger a família quando a Feyre decide voltar pra Prythian e salvar o Tamlin.
Lucien
Lucien é um de meus personagens favoritos, e em muitos momentos eu o vi como uma representação da consciência e da força de vontade da Feyre de desempacar e se motivar tomar decisões importantes. Quando ela está em dúvida se vai atrás do Suriel, Lucien apoia. Ele é aquela força de impulso, mas não um salvador (ele cogita, mas desiste de ir salvá-la). Mo momento da primeira prova, Lucien que dá a dica da esquerda prá que ela não morra. E o principal, no momento de puxar as alavancas, ela está com a mente presa no fato de que não sabia ler e mais uma vez o Lucien a enonraja gritando para apenas escolher uma. Quantas vezes Amarantha não tentou impedir essa voz motivadora na consciencia dela, predendendo e torturando Lucien por ter ajudado, mas mesmo assim ele sempre deu um jeito de ajudar, de ser aquele impuslsinho desempacador.
Agora, quando estou empacada entre decisões, penso em um Lucien na minha cabeça apenas dizendo “Escolhe logo uma alavanca”. Admito que passei uma boa parte da história shipando Feyre e Lucien, não Tam.
O relacionamento feyre e tamilin
Feyre é extremamente carente e passa boa parte da história se lamentando por a família não ir atrás dela tentar salvá-la depois de tudo o que ela tinha feito por eles. Uma exelente mensagem de que somos nós que nos salvamos, não o outro. É justamente essa necessidade de ser cuidado que faz com que ela se apaixone por Tamlin, pois sente que ele pode cuidar dela e proteger como a família não cuidou. Mas no final das contas é ela quem termina salvando ele, enquanto quem realmente a ajuda a se salvat no períodos mais críticos são o Lucien e o Rhys. E essa obrigação que ela sente de salvar o boy e o reino dele faz com que ela acabe com a própria vida. Literalmete. O que achei uma simbologia fantastica de que, quando sarificamos tanto pelo outro, custa muito, e dói muito, e nosso verdadeiro eu morre. Ela renasce, e chuto eu, que vai se livrar dessa síndrome de salvadora que precisa ser cuidada nesse novo corpo.
Tamlin represeta o macho provedor, que cuida e protege e mima e agrada.Vi pessoas relamando que acharam a conexão entre eles rápida e superficial, o que eu creio que também foi de propósito, justamente pra mostrar que apenas prover e cuidar são fatores rasos em uma relação. Mas era do que a Feyre precisava naquele momento, e o Tamlin também. Ele sempre soube, desde o começo, que ela era uma Artemis espírto livre, e ela sempre soube que ele era um protetor e provedor, mas se apaixonaram guiados pelas suas carências, não pelo crescimento pessoal que um poderia proporcionar ao outro.
Tamlin em Corte de Espinhos e Rosas específicamente
Querido e polêmico nesse livro (e pelo o que ouvi falar, não tão querido assim nos próximos), nosso lindo e loiro Grão Feerico da pele bronzeada, que se transforma na Besta ou Fera é o mocinho salvador da Feyre. Quando ela vai atrás do Suriel e é atacada pelos nagas, ele chega e a salva, no maior estilo clicche da dama em perido, O que me incomodou bastante, mas fez sentido, porque a relação deles se fundamenta nessa dinâmica de que ela precisa ser cuidada e ele cuida.
Assim como todos os personagens deste livro, Tamlin também tem seus traumas, e no caso dele relacionado ao massacre de sua família. Ele sente muita culpa por não ter conseguido salvá-los, e acaba gerando nele uma necessidade de compensar e salvar. Meu crédito pra ele nesse livro está não só no fato de ele incentivar a Feyre a ser feliz sem culpa, mas de ele liberta-la antes de a profecia finalizar. Ele ainda tinha 3 dias pra tentar tirar aaquele eu te amo dela e quebrar a maldição, e salvar todo o reino, mas ele realmente a amava e escolheu sacrificar a si mesmo e um reino todo e ficar sem o amor da vida dele preso sob a montanha pra salvá-la da Amarantha. É graças a garantia que ele dá sobre a segurança da família da Feyre que ela também consegue se libertar um pouco desse peso nas costas. Peso esse que ele se identifica porque é responsável por cuidar de um reino inteiro contra sua vontade. Ao encorajar sua arte, ele finalmente a motiva a fazer algo por si sem culpa, simplesmente por amor ao que faz, não pelos outros. Eu posso estar iludida sobre as intenções dele, mas por enquanto eu reconheço que ele realmente amou a Feyre e a ajudou a dar um primeira passo em direção a idividuação.
A simbologia das máscaras: eu fiquei intrigada com o por quê das máscaras. Achei meio bobo a Amarantha punir com máscaras, e fiquei matutanto se não haveria alguma simbologia por trás, até que no final do livro, quando as máscaras caem, pensei justamente nisso: Agora que a corte e o Grão Senhor tem seus poderes de volta, as máscaras caíram. Eles vão revelar quem realmente são.
A grande polêmica de Tam nesse livro se dá devido ao ritual de Calanmai, que no livro é mostrado como ritual de fertilidade da primavera, onde o Tamlin basicamente se pinta pra escolher alguém pra transar. Vi muitos memes e comentários de pessoas não entendendo o Tamlin e zuando que ele “ficou doidão e fazendo sexo aleatório” e me senti compilada a explicar que esse ritual vai muito, muito além disso, e tem sim, base em um rito real que acontecia a muitosss e muitos anos atrás. Além dos memes e zueiras vi pessoas se questionando se havia uma necessidade de o rito de primavera ser sexual. Antes da polêmica da cena pós rito, vou explicar o rito.
Explicando a referência histórica do ritual de Calanmai
Eu senti uma alegria tremenda ao ver esse rito nesse livro porque foi uma referência direta ao Beltane, antigo ritual Celta pra atrair e celebrar a fertilidade da terra no início da primavera. A autora apenas deu um novo nome na ficção. Na obra As Brumas de Avalon também temos esse rito com seu nome original e descrito magnificamente em detalhes. Infelizmente em ACOTAR, Sarah colocou de uma forma bem superficial, dando essa impressão de algo aleatório e sem sentido pra quem não conhece a história ou não leu as Brumas de Avalon (eu li ano passado e recomendo muito).
De acordo com o site druidry.org, nesse artigo aqui, Beltane – ou o Calanmai em terrar feéricas – é o festival da união sagrada entre o Deus e a Deusa para os antigos druídas e sacerdotisas celtas. O ato sexual aí entra como uma celebração da sexualidade em diversos níveis, mas principalmente honrando a unição do Divino Masculino e do Divino Femino em todos nós. Imagina uma socidade sem essa luta entre homens e mulheres que temos hoje na internet, e sim que entendem que o masculino e o feminino se honram e se complementam. A semente masculina, fecundando a terra feminina e gerando assim, toda a vida sagrada da terra. Para esses povos e religão, sexo não é sinônimo culpa e promiscuidade como no cristianismo, e sim energia vital e criativa, desde que conscentido. Lindo né? Sim, isso já existiu, e era celebrado no início da primavera, com esse ritual brevemente mencionado em ACOTAR.
O papel do Tamlin nesse ritual:
Tamlin por sei o rei da corte, o Grão Senhor, representa o Deus cornífero (Assim como em as Brumas de Avalon o lendário Rei Artur representa esse papel) Ele representa o masculino em sua formais crua, instintiva, primitiva, é o Tamlin em seu formato mais primata e bestial. Então, ele não está doidão, e sim na sua forma primitiva pro ritual. A gente esquece que tanto Tamlin quando Rhys são BIXOS, além de homens. Um besta-alce e um gato-morcego, que em muitos momentos são muito mais guiados por instintos primitivos irracionais que pelo lado humano racional. Dá pra romantizar por causa disso? Claro que não, mas pelo menos dá mais sentido pra determinados comportamentos.
E por que o sexo? Simplesmente porque a primavera para os antigos era a celebração da fertilidade da terra, onde os frutos começavam a brotar e as pessoas teriam alimento em abundância por um período. Os antigos celtas enxergavam todos os seres e a terra como uma unidade só, e faziam o próprio ritual de fertilização, ou seja, o sexo, para abençoar a energia criativa e vital de nascimento e fartura da terra. A semente na terra. A abelha na flor. Toda a abundância de alimentos da primavera simbolizava o fim de um período terrível de inverno sem frutos e sacrifício para se alimentar, e era celebrado com humanos fecudando, assim como os ritmos de vida da natureza fecundam para gerar toda a vida que há. Tamlin em seu estado mais natural representa o Deus cornífero que, de acordo com o link que citei acima é:
O Deus de Beltane expressa um desejo alegre, ele é o Senhor da terra crescente e do sol; espírito vibrante da floresta cujo sangue verde incendeia nossos corações. Ele é os dedos úmidos das folhas estendidas e Seu crescimento vibrante é a mão terna que se move sobre o corpo da Deusa. Ele é o beijo quente da luz solar, o calor da paixão e a dança da vida. Ele é nossa energia e vigor. Ele é a Grande Centelha de Luz e Vida, e como as campânulas cobrem o chão da floresta; as macieiras e os espinheiros florescem e em todos os lugares crescem viçosos e verdes. Seu desejo se intensifica. Em Beltane Ele ouve a voz da Deusa nas profundezas da floresta e com alegria responde ao seu chamado, atraído por seu perfume glorioso, esforçando-se para fundir-se e render-se à felicidade de seu abraço. Ele é o calor da paixão; a doce dor da saudade; a reverência que a verdadeira intimidade e amor inspiram. Através Dele somos transformados pelo desejo; abrimo-nos ao mistério do outro; morremos para nós mesmos e nos tornamos o êxtase da vida. Ele nos toca com Sua urgência; mova-nos com Sua necessidade; nos leva ao âmago de nós mesmos.
Esse último trecho mostra o efeito que ele causa na Feyre ali naquela cozinha. Eu acho que a Sarah usou mal as palavras ali, eu realmente acredito que ela tinha a intenção de transmitir esse efeito do Deus cornífero que desperta e desbloqueia e energia sexual reprimida da Deusa interior, que estava sim, chamando por ele, afinal ela foi até a floresta atrás dele e morreu de ciúmes de pensar nele com outra. Como eu conhecia a simbologia, eu compreendi que a Feyre estava resistente por ser parte da personalidade durona dela, por, assim como ela não se permitia e reprimia a energia criativa do pintar ela também reprimia e estava resistente em libertar a energia criativa sexual. Sim, a fonte suprema de energia criativa é a energia sexual, é só fazer a analogia de como é feita a criação de todos os seres do mundo, criação essa celebrada no Beltane. O primeiro não da Freyre vem dessa negação em aceitar essa energia criativa, mesmo que tivesse sim gostando da presença dele ali, mas intimida pela força mágica do Cornífero que ela não conhecia, tanto que depois ficou imaginando como seriam os dentes dele nos seios dela, e ele sabia, pelo instinto animal dele que fareja a fêmea desejosa que ela estava na mesma sintonia. Mas com certeza faltou responsabilidade no uso das palvras e contexto, na minha opinião. Lendo a cena me deu uma mistura de sentimentos de puts, isso poderia ter sido muito legal, mas algo de errado não está certo. Escrita ruim, falta de responsabilidade ou proposital? não sei dizer. Uma outra interpretação mais negativa, pensado no Tamlin como algo possivelmente tóxico no próximo livro que eu ainda não li, é que ele realmente simplesmente só se sentiu no direito, deixando o lado macho mais primitivo e tóxico dominar ali. Talvez seja uma mistura dos dois? Bom, se alguém souber alguma entrevista da Sarah expliando essa cena, posta aqui nos comentários, eu agradeço.
Agora talvez eu seja polêmica, mas eu já falei muito não que realmente era pra ser não e não foi respeitado, e eu ja falei muito não querendo dizer sim. Muitos mesmo, admito, e por quê? Pelo simples medo de ser julgada como sem valor, fácil ou puta por falar sim muito rápido, por precisar me fazer de difícil pra não correr o risco de ser diminuida em uma sociedade tão machista, ou por, como a Feyre nessa cena, sentir que preciso negar meus desejos pra ter valor.
Era óbivio que ela queria, que tava apaixonada, mas é muitooo problemático colocar o não significando sim em um história, porque muitos homens usam isso isso no contexto que os convém para não respeitar nãos, e pior ainda é para as mulheres que leem essa cena acharem que tá ok não respeitarem o não (mesmo que elas, de fato, não queiram nada). É dificil pra nós, mulheres, falarmos não com firmeza quando não queremos pelo medo do julgamento e da rejeição, e também é dificil falar o sim com firmeza e respeitando nossos instintos quando queremos. Cena polemica sim, mas que nos dá muito material pra refletir além do julgamento.
Enfim, eu adorei que que os feéricos celebram as rodas do ano de uma forma sutil, sem citar esse termo e criando a própria nomenclaturara pra isso.
Rhysand em Corte de Espinhos e Rosas especificamente
Sei que vou desagradas aos fãs agora, mas eu não consegui não problematizar os comportamentos do Rhys. Continuo com a minha opinião de que somos nós quem temos que ter um compasso moral na leitura do livro, não romantizar só porque o cara é bonito ou porque todo mundo diz que tudo muda no segundo livro. Então eu consegui sim super compreender as motivações dele, mas vou listar abaixo o que deu pra passar pano o que não deu e por quê.
- A primeira coisa que me incomodou no Rhys foi ele expor os pensamentos eróticos da Feyre pro Tamlin. Não vi ninguém problematizar isso e eu achei muito mais invasivo do que roubar um beijo sob a montanha. Ok, depois compreendi que já era parte da estratégia dele pra provocar e irritar o Tamlin pra ele atacar a Amarantha, ele precisava ir aos extremos pra atingir o resultado. E antes disso ele tinha salvo ela de um duplo assédio sexual. Entendi. Mas isso não muda o fato de que ela foi humilhada publicamente pra tal.
- O segundo abuso pra mim vindo do Rhys foi a tatuagem não consentida. Aquilo me incomodou demais! Um beijo roubado é um segundo e acabou, mas uma marca na sua pele é pra sempre. Ok, também era pra provocar o Tamlin num nível extremo, e minha prima me disse que mais sobre isso viria no segundo livro, então aguardarei.
- A grande polêmica número três que eu não achei tão polêmica assim foi tão polêmica assim foi o beijo roubado. A descrição do jeito que ele coloca a língua na boca dela com o uso da palavra “forçou” deixou a leitura realmente incômoda, mas eu compreendo que ou era isso ou ela seria imediatamente assassinada, eles precisavam parecer que estavam se pegando fortemente por causa das marcas que o Tamlin tinha deixado, então realmente consegui passar pano ali. Mas acho que a Sarah poderia ter pensado melhor no peso das palavras.
- Outra coisa que me incomodou muito mais que o beijo foi quando Rhys lambeu as lágrimas da Feyre. O cara tem instinto de gato e eu acho o máximo que a própria autora às vezes descreve o personagem pelos seus trejeitos animais, tipo que ele “ronronou” ou que chegou silencioso como um gato, ou que tinha um andar felino. Logo, assim como eu falei pro Tamlin, a gente tem que considerar que os caras são de fato animais, e um gato ou cachorro lamberia lágrimas pra acalmar o dono, e seria fofo. Não sexy. Fofo. Mas na hora de ler eu achei sexy e no mesmo momento eu pensei “pqp, como o compasso moral tem padrão estético e carente. Eu tô achando sexy porque o cara é descrito como extremamente atraente e interessante e ajudou ela em alguns momentos críticos. Se fosse um nojento feio-fora do padrão modelo de cueca que não ajudou em nada ia ser a coisa mais nojenta e asquerosa ele chegar e lamber a cara dela”. Então ainda tô bem incrédula de como romantizar esse boy depois disso. Mas também me falaram que tem explicação no segundo livro. Aguardemos.
- As danças não preciso nem falar né? Corpo a mostra pra centenas de pessoas, mesmo que coberto pelas tintas, também fiquei putsssss. Eu consegui ver toda a simbologia por trás da atitude do Tamlin pós festival, mas aqui ainda estou tentando, e não consegui não.
- A coisa aliviou um pouco quando Rhys confessou que estava sendo abusado sexualmente pela Amarantha, além te torturado. Aí eu volto no que falei lá no começo de se colocar no lugar. Ele humilhou a Feyre em três situações distintas, porém ele estava preso e sendo estuprad@ há 50 anos, fato bem relevante que só descobrimos depois de ele ter feito muita merda com ela, e que nos faz refletir: Até que ponto um trauma justifica determinadas atitudes? Eu não consigo justificar ele humilhar ela, mas consigo compreender completamente da onde vem as decisões. Acho que quando o assunto é sua própria sobrevivência e liberdade de uma situação de sofirmento, prisão, abuso e humilhação extrema (que é o que ele estava passando), o ser vivo faz o que tem que fazer, ainda mais eles que são de fato guiados por instintos animais, de sobrevivência bem mais alertas que os nossos. E ainda tem o fato de que ele não tinha nenhum sentimento por ela, não a conhecia. De novo, justifica? Não, mas ajuda a fazer mais sentido. Vendo por esse lado faz sentido se tornar um cuzã@ frio que faria qualquer coisa pra se libertar da situação. Mesmo quando ele ajuda ela nas provas, é pra conseguir se libertar. E aí ele até pegou leve, tipo pintando o corpo dela pra que não ficasse realmente exposto e só causasse a ilusão na Amarantha de que ela era uma propriedade, embebedando ela pra que ela não visse as torturas ao redor e não preisasse vivenciar ou lembrar da situação, e pegando, assim, no ponto fraco do Tamlin pra se salvar. De todo caso, foram situações humilhantes, que entra de novo no campo do dá pra compreender as causas, mas eu, no lugar dela, acho que consegueria no máximo me empatizar com a situação e não odiá-lo pra sempre, mas jamais correria o risco em um relacionamento amoroso. Se me expôs tanto pra se salvar um vez, quem garante que não fará de novo? Não sei se é porque eu sou desconfiada demais de fábrica.. mas enfim, ccuriosa pra ler o resto, mas duvido que eu me apaixone pelo Rhys como a maioria. Foi moralmente incorreto, mas será que você não seria também pela própria sobrevivência? E por isso achei esse livro tão bom, nos traz esse tipo de reflexão em relação a ambiguidade de comportamentos, aos por quês, e em situações realmente complexas.
Agora num balanço final se eu problematizo ou não o comportamento do Tam e do Rhys: Se fosse um livro 18 mais, ou 21 mais, eu aho que não problematizaria tanto, porque eu tive um senso crítico de entender que um cara fez o que fez porque realmente sabia que a menina estava na dele e tem toda uma simbologia da espiritualidade celta e do masculino/feminino por trás ali e que o outro fez o que fez por sobrevivência. Mas é um livro pra adolescentes então eu problematizo sim, pra caramba, porque, infelizmente, são mensagens perigosas ali de que tá ok o cara passar por cima de um não e de que tá tudo bem se apaixonar pelo bad boy que te humilha publicamente. Se essas pessoas não tiverem um olhar crítico pra história e trouxerem só pra realidade de quem busca eternamente o final feliz em um relacionento, elas vão validar esses comportamentos em outros contextos favoráveis pra si mesmas e se prejudicar.
Sobre a história de Corte de Espinhos e Rosas (com spoilers)
Eu gostei muito da história de ACOTAR, achei o plot bem legal e no fim achei que essa é uma história entre outra coisas, sobre tipos e consequências do amor. O que o amor pelo outro pode nos motivar a fazer, o que a falta de amor próprio pode nos instigar a fazer e o que a Feyre ganhou em sua psyque e consegui trazer pra mente consiente depois de fazer tanta coisa por amor. O quanto conseguiu crescer, expandir sua consciêcnia e se aproximar mais do seu verdade eu, amo mesmo tempo que preisou morrer pra aprender a se amor, e não apenas o outros. Ela também se liberta da prisão do inconsciente ao passar pelas três provas por amor. A cela que ela fica presa representa tanto uma prisão física quanto mental, da qual, ao começar a entrar em contato e aceitar o que a sua sombra (Rhys) tinha a oferecer, ela se liberta do ela achava que era, até então, amar.
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