
A intenção desse blog desde o dia 1 era ser um lugar de refúgio, um espaço pra eu conseguir me livrar da pressão de ser produtiva. Talvez se livrar não seja a expressão mais adequada, mas simplesmente me permitir, e afirmar pra mim mesma: Ei, tá tudo bem tirar uma hora do dia, uma vez por semana, simplesmente escrevendo e esvaziando a mente sobrecarregada em um espaço digital. Pode ter quem goste e se identifique, e mesmo que não, não tem problema. Faça por você.
Era escrever sobre maternidade e o processo de encontrar o equilíbrio saudável entre a mulher e a mãe de forma leve e livre, intercalando com estratégias comum de criação de conteúdo.
Consegui? Não, claro que não. Em 3 anos, toda vez que sento nessa cadeira é com a cabeça pipocando de medos, ansiedades, estratégias (pra esse blog e pro outro, em inglês, que é meu negócio principal). É com meu inconsciente e meu sistema nervoso mandando zilhões de sinais tóxicos pro meu estômago, que se reflete em uma sirene altíssima de dores agudas alertando: você é mãe solo. Ainda falta muito pra conseguir proporcionar a vida que você quer pra você é pra sua filha. Você não pode perder tempo com absolutamente mais nada.
Inclusive, só de digitar isso já me dá vontade parar esse texto aqui mesmo e começar a planejar e planejar e fazer mil posts seguindo o BE-A-BA do SEO (termo técnico da estratégia de criação de conteúdo usada em blogs para que meus posts apareceram na primeira página do Google, tenham acesso e eu ganhe dinheiro) e mais uma vez, me esquecendo de olhar com cuidado e carinho pra mim e pra minha mente nesse processo.
Escrevo com a autossabotagem e culpa pipocando: tá perdendo tempo tá perdendo tempo tá perdendo tempo, mas sigo digitando como uma forma de resistência à minha própria mente de que fazer o que amo, que é escrever de forma livre, e simples, e guilty-free, não é errado. Não vai me deixar mais pobre, não vai me fazer uma péssima profissional, nem uma mãe irresponsável. Tento, nesse processo, desligar a minha cabeça condicionada da ideia de que o tempo usado (lá vai meu inconsciente tentando me fazer digitar PERDIDO. Não, queridinho. Esse não é um tempo perdido) nesse texto precisa ser recompensado. Penso que a recompensa é o simples fato de estar sentindo um prazer ao escrevê-lo. E repito, e digito, e reforço, e resignifico. De novo e de novo, e medito, e projeto, que NÃO, ESSE NÃO É UM TEMPO PERDIDO. E tá tudo bem fazer as coisas por mim, e me expor, pelo simples prazer de fazê-lo. Sem uma agenda, sem obrigação de vendas, sem estratégias, apenas sendo uma humana. A recompensa vai vir se alguém também ler e se identificar.
Mas calma. Preciso da recompensa? Será que não posso, simplesmente, me permitir sentir um prazer no processo, tipo o prazer que sinto dando scroll por muito mais tempo que isso no Instagram, que me ilude com recompensas em uma situação onde eu fico, em boa parte, completamente passiva ao que é jogado na minha cara? Aqui eu to no controle, curtindo um momento de escrever sem ligar se alguém vai ler, ou se o Google vai gostar, ou se essa meia hora vai mudar minha vida. (Até porque não vai, e tá tudo bem)
Escrevi por gosto. E isso basta.